A mudança estava toda no caminhão e eu estava pronta para me mudar da tédiolândia (nome que eu dei à minha cidade), eu tinha conseguido fazer com que meus vizinhos me aceitassem e já tinha arrumado até um namorado. As meninas da minha escola enjoaram de falar mau da minha roupa e eu já tinha me acostumado com a cidadezinha (além de preferir NY). Agora eu estava pronta para largar tudo aquilo pra trás. Eu estava em meu quarto vazio e lembrei de todos os meus momentos na cidade, lembrei de quando cheguei la e ninguém me aceitou, lembrei do meu primeiro dia de aula na Youth School, lembrei de quando conheci Jack... Tive que me segurar pra não começar a chorar ao pensar que deixaria tudo pra trás e enfrentaria todos esses obstáculos outra vez.
Não sabia o que viria pela frente, então eu não queria arriscar sair do meu ninho. Não queria de forma alguma ter Jack longe de mim, e não queria ser criticada como fui quando me mudei pra cá. Aliás, não é todo dia que uma garota gótica se muda para a casa ao lado. A única pessoa que me aceitou de verdade foi Jack, meu príncipe encantado gótico, que me amava do jeitinho que eu era (e sou). Bom, eu não era uma garota "estranha" ou mau educada, eu era romântica e carinhosa, mas gostava de usar preto, de assistir a filmes de terror e adorava vampiros, zumbis e monstros. E era só esse lado de mim que as pessoas viam, ao contrário de Jack, que conseguia ver bem além.
Minha mãe falou que iriamos frequentar uma igreja em SunVille, imagine eu em uma igreja! Obviamente isso não era uma boa ideia, mas era o que minha mãe queria. A nova casa seria apertada, em uma cidade mais populosa e movimentada. Eu só ficava imaginando o lugar, as pessoas, as casas e es coisas, mas não queria ficar pensando muito nisso, eu estava triste e deprimida.
Meu celular vibrou quando caiu a primeira lágrima, eu a sequei e tirei o celular do bolso do meu casaco (a tédiolândia era um lugar muito frio), quando vi que eu tinha recebido uma mensagem, o número era desconhecido. A mensagem dizia: "Olhe pela janela." Eu levantei do chão contrariada e olhei pelo continho da janela, Jack estava la embaixo olhando pra mim (como ele me viu? Eu estava tão escondidinha). Eu desci a escada em disparada, louca para abraçar o meu amor, quando cheguei na sala e ele estava me esperando na porta, eu corri, me joguei em seus braços e comecei a chorar como uma criança que não quer parar de brincar.
__O que foi meu amor? ---Ele me perguntou, com calma e leveza, e eu, soluçando respondi:
__Eu não quero ir, não quero te deixar, não quero sair daqui de jeito nenhum!!!
__Mas você nunca foi em SunVille, quem sabe la num seja um lugar le... --- Eu o interrompi antes que ele dissesse "legal":
__SunVille não pode ser um lugar legal, la é mais movimentado então terá mais gente falando mau de mim e me excluindo cada vez mais da sociedade!
Ele levantou meu rosto e me beijou, ele senti como se estivesse flutuando, mas o encanto acabou quando minha mãe gritou para que eu entrasse no carro para partirmos. Eu comecei a chorar novamente, estava tão triste que não tinha explicação. Pedi minha mãe mais um minuto, ela revirou os olhos e deixou. Eu segurei o choro e olhei nos olhos de Jack, que disse:
__Minha 'vampirinha', eu não vou deixar você. Nós só vamos ficar um pouquinho um longe do outro, mas não será por muito tempo, O.K.? --- Ele falou olhando nos meus olhos, eu ainda estava muito triste mas fiquei mais calma. Eu queria estar sempre ao lado de Jack, mas como ele disse, nós só teríamos que no separar por alguns dias.
__O.K., mas eu não vou conseguir ficar uma semana sem ver você, já é difícil ficar um dia sem te ver...
__Consegue sim. ---Ele sussurrou no meu ouvido --- Agora vá. Até mais, Hanna.
Meu Deus, eu estava mesmo indo embora, sem dia pra voltar. Dei um beijo de despedida e entrei no carro. E adeus tédiolândia...
Continua no próximo artigo...
Emilly Delvalle
